Quem pode substituir Francisco? Veja nomes cotados para o próximo papa

Papa morreu nesta segunda-feira (21), aos 88 anos, deixando um legado de tolerância e diálogo. Votação para eleger sucessor deve começar entre 15 e 20 dias.

Com a morte do Papa Francisco, a Igreja Católica se prepara para uma das decisões mais importantes de seu futuro próximo: a escolha de seu novo líder espiritual. O Vaticano dará início aos preparativos para o Conclave, onde 135 cardeais com menos de 80 anos poderão votar. Sete brasileiros estão entre os eleitores.

Diversos nomes já surgem nos bastidores como fortes candidatos, refletindo diferentes correntes dentro da Igreja. Veja os principais:

🇫🇷 Jean-Marc Aveline (66 anos) – Arcebispo de Marselha, França

Considerado um dos mais próximos ideologicamente de Francisco, Aveline é lembrado por seu perfil reformista, capacidade de diálogo inter-religioso e atuação em questões sociais. Sua formação acadêmica sólida (doutorado em Teologia e graduação em Filosofia) o posiciona como um intelectual respeitado. Nascido na Argélia em uma família de imigrantes espanhóis, ele representa o rosto multicultural da Igreja contemporânea.

Aveline organizou em 2023 uma conferência internacional sobre o Mediterrâneo que contou com a presença do Papa, o que elevou ainda mais sua visibilidade. Se eleito, seria o primeiro papa francês desde o século XIV.

🇭🇺 Peter Erdo (72 anos) – Cardeal húngaro

Erdo é visto como um nome forte entre os cardeais mais conservadores. Especialista em Direito Canônico, é conhecido por sua postura firme em defesa das raízes cristãs da Europa. Apesar de conservador, possui um perfil diplomático e não entrou em confrontos diretos com Francisco, o que pode facilitar sua aceitação por diversos grupos dentro do Colégio Cardinalício.

Erdo já era cotado no conclave de 2013. Sua crítica à política migratória do Papa durante a crise de 2015, quando se alinhou ao governo de Viktor Orban, o colocou no radar como uma voz mais pragmática dentro da ala tradicionalista.

🇲🇹 Mario Grech (68 anos) – Secretário-geral do Sínodo dos Bispos, Malta

Grech passou de um início conservador a um dos principais rostos das reformas pastorais promovidas por Francisco. Ele desempenhou um papel-chave no processo sinodal que ampliou o diálogo interno da Igreja. Sua postura mais acolhedora em relação à comunidade LGBT e a temas familiares modernos sinaliza sua abertura a mudanças sensíveis, sem romper com a doutrina central.

Por sua habilidade de escuta e condução de temas polêmicos com moderação, é visto como um possível “papa de continuidade”.

🇪🇸 Juan José Omella (79 anos) – Arcebispo de Barcelona, Espanha

Um dos últimos cardeais elegíveis por idade, Omella é um símbolo da Igreja voltada para a justiça social. Seu histórico pastoral, compromisso com os pobres e humildade pessoal o aproximam muito do estilo de Francisco.

Foi missionário na África, trabalhou com ONGs de combate à pobreza e é visto como uma ponte entre os setores mais progressistas da Europa e da América Latina. Mesmo com a idade avançada, sua presença no Conclave pode influenciar fortemente os rumos da eleição.

🇮🇹 Pietro Parolin (70 anos) – Secretário de Estado do Vaticano

Considerado um dos favoritos nas casas de apostas, Parolin é o homem forte da diplomacia vaticana. Comandou negociações delicadas com China e Vietnã, além de gerir o corpo diplomático da Santa Sé. Por seu perfil técnico e discreto, é respeitado por diferentes alas e tido como o mais “papável” entre os diplomatas.

Apesar de conservador em alguns temas, Parolin não se envolveu em disputas ideológicas internas, o que pode favorecer um consenso em torno de seu nome.

🇵🇭 Luis Antonio Tagle (idade não especificada) – Cardeal filipino

Conhecido como o “Francisco Asiático”, Tagle representa o crescimento do catolicismo fora do eixo Europa-América Latina. Carismático, pastor próximo do povo e engajado com causas sociais, é querido tanto por fiéis quanto por líderes da Igreja.

Foi enviado por Francisco a Roma para assumir cargos estratégicos, como prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos, o que foi lido como um gesto de preparação para voos maiores. Se eleito, seria o primeiro papa asiático da história.

Outros nomes mencionados com menor frequência:

• Matteo Zuppi (Itália) – Arcebispo de Bolonha, ligado à Comunidade de Santo Egídio, defensor da paz e do diálogo inter-religioso.
• Wilton Gregory (EUA) – Primeiro cardeal afro-americano, arcebispo de Washington, com forte atuação em direitos civis.

A escolha do próximo papa deve refletir tanto o legado deixado por Francisco quanto os novos desafios que a Igreja enfrenta: secularização, polarização interna, escândalos de abuso, mudanças culturais e o papel da fé em um mundo em transformação. O novo pontífice terá diante de si a missão de unir, dialogar e guiar mais de 1,3 bilhão de católicos rumo ao futuro.

Fonte: Reuters

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